O cidadão decente pede socorro

MARCELO BATISTA DE SOUSA, administrador e pedagogo é presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina (SINEPE/SC).

O brasileiro que paga impostos experimenta sentimento de indignação cada vez que lê notícias da catástrofe em que se encontra a ética em nosso país. Prossegue o festival de fraudes, clientelismo, corporativismo, corrupção, desperdício e desvio de verbas. O noticiário nos traz uma sucessão de maus exemplos que conflitam com os mais elementares princípios que motivam, disciplinam ou orientam o comportamento humano civilizado.

A ética está sofrendo de infecção generalizada. Não se prioriza o interesse da coletividade e os recursos destinados à cidadania são mal empregados ou desviados. Parece que existe um pacto com a fraude.

Há grande quantidade de manifestações criticando os “excessos” e a ineficiência da assistência judicial prestada à população. Um verdadeiro holocausto da ética, onde concluímos que além das razões de ordem política, a falência da cidadania se deve, sobretudo, à incompetência gerencial.

Como prova de mau exemplo, cito fato ocorrido em Florianópolis, no qual uma tradicional escola denunciou à justiça a falsificação de diploma praticada por uma funcionária em benefício próprio, crime previsto no art. 304 c/c art. 298, ambos do Código Penal, que estabelece a pena de um a cinco anos de reclusão. Da denúncia à conclusão do processo passaram-se nove anos, ao fim dos quais a autoridade judicial decretou “a extinção da punibilidade” por decurso de prazo - ou seja, a excessiva demora no julgamento resultou, na prática, em absolvição da autora do crime. Recente matéria jornalística denunciava a venda ou falsificação de diplomas. Causou-nos tristeza que esse caso não tenha chamado a atenção.

Os fatos estão aí e são estarrecedores. Já passou da hora de governo e cidadãos se empenharem para não só aprofundar as discussões diante da ineficácia do sistema vigente, como também para buscar soluções viáveis, a fim de proporcionar um atendimento digno à população. A crise da ética no Brasil tem cura, basta vaciná-la contra as omissões.

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